sábado, 31 de agosto de 2019
venres, 30 de agosto de 2019
xoves, 29 de agosto de 2019
Johannes Grenness: Escena de mar con rapaz |
De Alberto Caeiro: O guardador de rebanhos
Como quem num día de Verão abre a porta de casa
E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...
Mas quem me mandou a mim querer perceber?
Quem me disse que havia que perceber?
Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo...
mércores, 28 de agosto de 2019
luns, 26 de agosto de 2019
sábado, 24 de agosto de 2019
venres, 23 de agosto de 2019
xoves, 22 de agosto de 2019
mércores, 21 de agosto de 2019
Quina e o garoto
-Já ceaste? -disse, sucintamente, com aquela sua busquidão orgulhosa que era antes humildade, desejo de tolerância, apelo de harmonia. Ele ergueu os olhos, que se voltaram para a Quina, devagar, como se o entendimento tardasse em achar a direcção daquela voz, o sentido daquelas palavras. Eram uns olhos apagados, mortos, sem a sua radiosa expressão de malícia, e pareciam vasados e sem cor. Ela sentiu esfriar-se-lhe o coração.
-Então que foi? -pergunotou, agora cheia de alarme e mais curiosa, até do que perturbada.
Como resposta, o rapaz começou a chorar. Um homem de trinta anos que chora, ou é um imbecil ou é um poeta; a menos que uma dessas razões que desabam como uma avalanche sobre os temperamentos mais imutáveis venha convulsionar-lhe a alma, arrancando dela as comoções ais terríveis -mais terríveis, ainda por serem isoladas e surgirem num campo sem essa prevenção constante, proporcionada pela experiência do pessimismo, que é escudo do infortúnio e que melhor conhecem as mulheres. Quina compreendeu que alguma coisa de único acontecera na vida daquele homem, e sentou-se defronte dele para o interrogar. O que soube deixou-a perplexa, tímida para julgar, e dorida por aquele lastimoso relato.
Agustina Bessa Luis: A sibila (p.132)
martes, 20 de agosto de 2019
sábado, 17 de agosto de 2019
xoves, 15 de agosto de 2019
mércores, 14 de agosto de 2019
domingo, 11 de agosto de 2019
sábado, 10 de agosto de 2019
xoves, 8 de agosto de 2019
sábado, 3 de agosto de 2019
venres, 2 de agosto de 2019
Manuel António Pina: Um Sítio Onde Pousar a Cabeça, 1991
Junto à água
Os homens temem as longas viagens,
os ladrões da estrada, as hospedarias,
e temem morrer em frios leitos
e ter sepultura em terra estranha.
Por isso os seus passos os levam
de regresso a casa, às veredas da infância,
ao velho portão em ruínas, à poeira
das primeiras, das únicas lágrimas.
Quantas vezes em
desolados quartos de hotel
esperei em vão que me batesses à porta,
voz de infância, que o teu silêncio me chamasse!
E perdi-vos para sempre entre prédios altos,
sonhos de beleza, e em ruas intermináveis,
e no meio das multidões dos aeroportos.
Agora só quero dormir um sono sem olhos
os ladrões da estrada, as hospedarias,
e temem morrer em frios leitos
e ter sepultura em terra estranha.
Por isso os seus passos os levam
de regresso a casa, às veredas da infância,
ao velho portão em ruínas, à poeira
das primeiras, das únicas lágrimas.
Quantas vezes em
desolados quartos de hotel
esperei em vão que me batesses à porta,
voz de infância, que o teu silêncio me chamasse!
E perdi-vos para sempre entre prédios altos,
sonhos de beleza, e em ruas intermináveis,
e no meio das multidões dos aeroportos.
Agora só quero dormir um sono sem olhos
e sem escuridão, sob um telhado por fim.
À minha volta estilhaça-se
o meu rosto em infinitos espelhos
e desmoronam-se os meus retratos nas molduras.
Só quero um sítio onde pousar a cabeça.
Anoitece em todas as cidades do mundo,
acenderam-se as luzes de corredores sonâmbulos
onde o meu coração, falando, vagueia.
o meu rosto em infinitos espelhos
e desmoronam-se os meus retratos nas molduras.
Só quero um sítio onde pousar a cabeça.
Anoitece em todas as cidades do mundo,
acenderam-se as luzes de corredores sonâmbulos
onde o meu coração, falando, vagueia.
xoves, 1 de agosto de 2019
El espejo (poema de Luis Escavy; foto de Michael Bidner)
CUANDO entro en la ducha, cuando salgo,
me interrogo a menudo, me evalúo
los antiguos errores, las heridas,
y me abrazo y contemplo un cuerpo frágil
desnudándose frente a la verdad.
La verdad es que no somos casi nada.
Solo algo de piel y pensamiento.
Cuando dejo de verme, duele menos
este hombre que soy y el que me mira
a través de los años.
Subscribirse a:
Publicacións (Atom)