xoves, 25 de xullo de 2019

Pedro Salinas: "Este hijo mío..."

Duane Michals: O pai prepara o corpo do fillo morto para o funeral (1968)

 "Este hijo mío siempre ha sido díscolo...
Se fue a América en un barco de vela,
no creía en Dios, anduvo
con mujeres malas y con anarquistas,
recorrió todo el mundo sin sentar la cabeza...
Y ahora que ha vuelto a mí, Señor,
ahora que parecía..."

Por la puerta entreabierta
entra un olor a flores y a cera.
Sobre el humilde pino del ataúd el hijo
ya tiene bien sentada la cabeza.

Richard Avedon: Billy Joe Danos, de Cheyenne, Wyoming (25.07.1982)

martes, 23 de xullo de 2019

Poema de Vicente Aleixandre





con mi mano repaso las lindes delicadas de tu vivir retraído. Y siento la musical, callada verdad de tu cuerpo, que hace un instante, en desorden, como lumbre cantaba.


sábado, 20 de xullo de 2019

Adão, o agiota

 Aquele rapazola de feições um tanto rapaces, imbuído nuna espécie de misticismo pelas coisas de dinheiro, o misteiro apaixonante da compra e venda, era-lhe bastante grato. Porque acontecera ser o sétimo rapaz duma família, fora baptizado como o nome de Adão, para evitar assim correr o fado, ou seja ficar condenado a vaguear de note, transmformado em bácoro, ou cavalo, ou bode, ou toiro, em cujo rasto espolinhado se espojasse. Ah, e então apenas uma labareda, à meia-noite, consumindo-lhe as roupas que abandonou, um espinho ou um chuço ferindo que o bicho que corre desabaladamente pelos atalhos, podem quebrar o encanto! Melhor é chamar, pois, Eva às quintas ou sétimas filhas, e que Adão sejam os infantes todos que venham perfazer esses fatídicos números. Este Adão, apesar  do esconjuro do baptismo, nunca ressecara de todo a sua natureza infernal, a recordação do barro, do limo, do caos feito idade do ouro; era abominavelmente, clamorosamente agiota. Contava-se que seu avó, um desses  usurários tenebrosos que trescalam à miséria de quantos lhes deixaram nas unhas uma onça de ouuro ou de pele, possuía uma rasa de libras que costumava expor ao sol, gozando-lhe os fulgores em dias soalheiros.

Agustina Bessa Luís: A sibila (p. 40)

domingo, 14 de xullo de 2019

No pasarán!

A música punk e activista rusa Nadezhda Tolokonnikova na súa detención en Moscova en 2012. Leva unha camiseta co No Pasarán, dúas palabras inmortalizadas pola defensa de Madrid contra o fascismo en 1936.

venres, 12 de xullo de 2019

Prece


Abençoai os nossos campos, para que eles tenham água e nos deem pão. Abençoai a nossa casa, o nosso gado, os nossos criados. Abençoai os nossos frutos, que tudo aconteça para bem. Levai para longe a fome, a peste, a guerra e os amigos que mentem. Fazei-nos humildes na riqueza, orgulhosos na desgraça, sábios em desejar, corajosos em receber a ofensa, valentes em cumprir a vida e a morte. 

Abençoai também os nossos moinhos e os caseiros deles, que não pagam a renda há tanto tempo...

Abençoai os nossos gostos, para que sejam nossos brinquedos e não cadeia. Abençoai as nossas dores, para que elas sejam experiência e não castigo.

Agustina Bessa Luís: A sibila (p.43)

 

Nu

luns, 8 de xullo de 2019

Juana De Ibarbourou: Silencio


Mi casa tan lejos del mar
Mi vida tan lenta y cansada.
¡Quién me diera tenderme a soñar
una noche de luna en la playa!
Morder musgos rojizos y ácidos
y tener por fresquísima almohada
un montón de esos curvos guijarros
que ha pulido la sal de las aguas.
Dar el cuerpo a los vientos sin nombre
bajo el arco del cielo profundo
y ser toda una noche, silencio,
en el hueco ruidoso del mundo.

luns, 1 de xullo de 2019

Afonso o Sabio: Cantiga CLXVI de Santa María (Foto: Robert Andy Coombs)

 Como pódem per sas culpas | os ómes seer contreitos,

assí pódem pela Virgem | depois seer sãos feitos.

Ond' avẽo a um óme, | por pecados que fezéra,

que foi tolheito dos nembros | dũa door que ouvéra,

e durou assí cinc' anos | que mover-se nom podéra,

assí avía os nembros | todos do córpo maltreitos.

 Como pódem per sas culpas...

Com esta enfermidade | atám grande que avía

prometeu que, se guarisse, | a Salas lógo iría

e ũa livra de cera | cad' ano lh' oferería;

e atám tóste foi são, | que nom ouv' i outros preitos.

 Como pódem per sas culpas...

E foi-se lógo a Salas, | que sól nom tardou nïente,

e levou sigo a livra | da cera de bõa mente;

e ía mui lédo, como | quem se sem nïúm mal sente,

pero tam gram temp' ouvéra | os pés d' andar desafeitos.

 Como pódem per sas culpas...

Daquest' a Santa María | dérom graças e loores,

porque livra os doentes | de maes e de doores

e demais está rogando | sempre por nós pecadores;

e porêm devemos todos | sempre seer séus sogeitos.

A música calada, a soedade sonora