xoves, 13 de maio de 2021

 Pedra filosofal, de António Gedeão

Eles não sabem que o sonhoÉ uma constante da vidaTão concreta e definidaComo outra coisa qualquer
Como esta pedra cinzentaEm que me sento e descansoComo este ribeiro mansoEm serenos sobressaltos
Como estes pinheiros altosQue em verde e oiro se agitamComo estas aves que gritamEm bebedeiras de azul
Eles não sabem que o sonhoÉ vinho, é espuma, é fermentoBichinho a lacre e sedentoDe focinho pontiagudoNo perpétuo movimento
Eles não sabem que o sonhoÉ tela, é cor, é pincelBase, fuste ou capitelArco em ogiva, vitral,Pináculo de catedral,Contraponto, sinfonia,Máscara grega, magia,Que é retorta de alquimista
Mapa do mundo distanteRosa dos ventos, infanteCaravela quinhentistaQue é cabo da boa esperança
Ouro, canela, marfimFlorete de espadachimBastidor, passo de dançaColumbina e arlequim
Passarola voadoraPara-raios, locomotivaBarco de proa festivaAlto forno, geradora
Cisão do átomo, radarUltrassom, televisãoDesembarque em foguetãoNa superfície lunar
Eles não sabem nem sonhamQue o sonho comanda a vidaE que sempre que o homem sonhaO mundo pula e avançaComo bola coloridaEntre as mãos de uma criança(La la la ra la ra ra )

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A música calada, a soedade sonora