luns, 30 de marzo de 2020

Álvaro Cunqueiro: Las mocedades de Ulises (p. 63)



 -Poliades, ¿qué es lo que es mentira?

Poliades hacía girar el sombrero entre las manos.

- Quizá todo lo que no se sueña, príncipe.


xoves, 26 de marzo de 2020

Matsuo Bashō: Sendas de Oku

Nikkō Kaidō, Hasui Kawase, 1930


Para viaxar debería bastarnos só co noso corpo; pero as noites reclaman un abrigo; a chuvia, unha capa; o baño, un traxe limpo; o pensamento, tinta e pinceis.

E os agasallos que non se poden rexeitar... 

As dádivas estorban aos viaxeiros.


domingo, 22 de marzo de 2020

sábado, 21 de marzo de 2020

Alberto Caeiro: Poemas inconjuntos

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

A música calada, a soedade sonora